Jonas Pereira/Agência Senado - Fonte: Agência Senado
Ministro reforçou que Fazenda precisa de resultados para esse ano
Ao ser questionado se o Ministério da Fazenda teria um “plano B” para a medida provisória de compensação à desoneração, o chefe da pasta, Fernando Haddad, indicou nesta terça-feira (11) que “não, nós não temos”.
Apesar disso, o ministro pontuou em seguida que “sempre dá para encontrar uma solução”.
Apresentada na semana passada pelo Ministério da Fazenda, a MP do PIS/Cofins visa compensar a desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia e de municípios.
A medida provocou reações de setores da economia, que acusaram o governo de falta de diálogo, despreocupação com redução de despesas e aumento da insegurança jurídica.
Nesta terça, o presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), decidiu devolver parte da MP. Segundo Pacheco, o movimento foi certeiro tanto do ponto vista constitucional e político quanto econômico.
Em contrapartida, Haddad avaliou que não houve erro por parte da pasta ou do executivo ao editar a MP e apontou que devoluções já aconteceram outras vezes.
Por outro lado, foram mantidos os trechos que preveem que empresas com benefícios fiscais devem prestar informações à Receita Federal, sob risco de multa sobre receita bruta.
Sobre o que foi aproveitado por Pacheco, Haddad apontou que “ajuda muito”.
“Essas medidas servem para os contribuintes explicarem o que estão fazendo, dizer em que lei está fundamentando a prevenção, o que facilita a fiscalização”, afirmou o ministro.
Ao ser questionado se a devolução da MP colocaria a agenda fiscal da Fazenda no limite, Haddad alegou que a proposta não tem caráter arrecadatório.
Contudo, ao ser apontado se a regulamentação dos jogos de azar poderia servir como uma medida de compensação, o ministro disse que seria pouco comparado ao que é necessário.
“Só conseguiríamos arrecadar daqui a três, quatro anos. Esses cassinos, hotéis são projetos enormes. Precisamos de uma coisa para esse ano”, disse Haddad.
Fraudes
Em Brasília, Haddad ainda afirmou que a Fazenda encontrou fraudes nas compensações PIS/Cofins que giram em torno de R$ 25 bilhões.
Haddad disse que essas fraudes ocorrem quando os empresários fazem o “uso indevido” do mecanismo, ao declarar créditos ilegítimos que não são reconhecidos pela Receita Federal.
O ministro reforçou que a Fazenda e a Receita vão administrar uma ferramenta para que sejam declaradas e monitoradas essas subvenções, a fim de impedir que o déficit das contas públicas aumente, e que serão “tomadas providências”.
“Nós vamos responsabilizar criminalmente quem frauda dolosamente. Não o sujeito que por falta de dinheiro não conseguiu recolher imposto ou porque se enganou, não estamos falando disso”, afirmou Haddad.
“A concorrência desleal é subproduto desse comportamento”, concluiu.
Comentário por Dr. Hudson da Costa, Advogado Especialista em Direito Tributário:
A postura do Ministro Fernando Haddad diante da devolução parcial da MP do PIS/Cofins pelo presidente do Congresso Nacional revela uma tensão entre o Executivo e o Legislativo sobre a viabilidade e a execução de políticas fiscais. A falta de um “plano B” destaca a rigidez da proposta inicial e a urgência com que o Ministério da Fazenda busca resultados fiscais ainda este ano. A defesa do ministro sobre a medida provisória, mesmo após sua devolução, demonstra uma confiança na necessidade de transparência e controle sobre os benefícios fiscais concedidos, o que é essencial para a fiscalização e prevenção de fraudes.
Entretanto, a reação adversa dos setores econômicos e a crítica sobre a falta de diálogo apontam para uma possível falha de comunicação e negociação por parte do governo. A implementação de medidas fiscais que afetam amplamente o mercado necessita de um engajamento mais efetivo com as partes interessadas para evitar insegurança jurídica e resistências desnecessárias. A preocupação de Haddad com as fraudes nas compensações PIS/Cofins é legítima, mas é crucial que o combate a essas irregularidades não penalize indevidamente os contribuintes que operam de boa fé. A administração eficiente e justa das subvenções fiscais será fundamental para garantir a equidade e a competitividade do mercado brasileiro.
Dr. Hudson da Costa, Advogado Especialista em Direito Tributário
FONTE > CNN Brasil > 11 JUN 24
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